###### Referência
Navaneethan SD, Anker SD, Filippatos G, et al. Efficacy and safety of finerenone in patients with an acute change in estimated glomerular filtration rate in the prespecified FIDELITY pool analysis. Kidney Int. 2025 [**[link](https://research.regionh.dk/en/publications/efficacy-and-safety-of-finerenone-in-patients-with-an-acute-chang)**]
###### **Caso clínico:**
Seu José, 68 anos, com D 2 e DRC (TFGe 53 mL/min/1,73m², RAC 850 mg/g), hipertenso e usando BRA e dapagliflozina, começa finerenona 10 mg/dia para tentar controlar a proteinúria. Um mês depois, a TFGe cai para 45 mL/min/1,73m². Ele está clinicamente bem, pressão controlada, sem hipercalemia.
###### **E agora? Suspender? Reduzir? Ou seguir o plano?**
Essa dúvida é muito comum no dia a dia, principalmente após os estudos mais recentes mostando benefício do finerenone. Mas, será que uma queda aguda da TFGe após iniciar finerenona compromete os benefícios cardiovasculares e renais a longo prazo? Foi justamente isso que esse estudo investigou.
###### **O que o estudo avaliou?**
Foi uma análise conjunta dos estudos FIDELIO-DKD e FIGARO-DKD, incluindo mais de 12.000 pacientes com DRC e diabetes tipo 2. O foco foi entender o impacto da queda aguda da TFGe no primeiro mês após iniciar finerenona e se isso se relaciona com os desfechos em longo prazo.
###### **Como os pacientes foram classificados?**
De acordo com a variação percentual da TFGe em 1 mês:
* >10% de queda
* 0–10% de queda
* 0–10% de aumento
* >10% de aumento
###### **Quais os principais achados?**
* A queda da TFGe foi comum e esperada
* 25% dos pacientes tiveram >10% de queda.
* 31% tiveram uma queda menor (0–10%).
###### **Fatores associados à queda >10%:**
* TFGe mais alta no início
* Albuminúria mais elevada
* PA sistólica mais alta
* Uso de diuréticos ou betabloqueadores
* Uso de finerenona
Isso confirma que a queda inicial está ligada ao perfil hemodinâmico esperado com a finerenona.
**A queda da TFGe NÃO comprometeu os benefícios**
Independente da variação da TFGe no primeiro mês, a finerenona reduziu de forma consistente:
* Desfechos cardiovasculares (HR 0,86 [0,78–0,95])
* Desfechos renais (HR 0,76 [0,66–0,88])
**E isso se manteve mesmo com quedas >10% da TFGe. Ou seja: Mesmo com queda inicial da função renal, os benefícios da finerenona foram mantidos.**
###### **E os efeitos adversos?**
* Hipercalemia foi mais comum com finerenona, como esperado, mas:
* A taxa de suspensão permanente foi baixa (<2%).
* IRA não foi mais frequente nos pacientes com queda da TFGe.
* Eventos adversos sérios renais foram similares entre os grupos.
###### **O que isso muda na sua prática?**
* Uma queda aguda da TFGe (<30%) após iniciar finerenona, especialmente no contexto de estabilidade clínica e ausência de hipercalemia grave, não deve levar à suspensão automática do tratamento.
* Ao contrário, manter a finerenona pode proteger mais os rins e o coração em longo prazo, assim como ocorre com iSGLT2 e iECA/BRA
###### **Mensagem final do NefroAtual**
A finerenona segue firme como aliada na doença renal do diabetes, e esse estudo reforça: não se assuste com uma queda inicial da TFGe! Esse efeito é esperado, hemodinâmico e, muitas vezes, um marcador de resposta. O que importa é o impacto em longo prazo, e aqui a ciência está do nosso lado
E Você? Já teve medo de manter finerenona após uma queda inicial da função renal? Já mudou conduta por isso? Comente sua experiência!