Caso muito interessante publicado no NEJM ([link](https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMicm2206513)). Trata-se de uma mulher de 52 anos em tratamento de diálise peritoneal há 12 anos, apresentou quadro de **dialisato sanguinolento há 1 mês**, negava febre ou dor abdominal. Possui histórico de três episódios de peritonite bacteriana.
Realizado **TC de abdome** mostrou extensa calcificação do peritônio visceral e parietal (imagem A). Devido forte suspeita de **peritonite esclerosante encapsulante** foi realizado laparoscopia exploratória para confirmação diagnóstica. Pode-se observar um peritônio parietal muito espessado coberto por depósitos calcificados (imagem B). Aderências entre o peritônio e serosas inflamadas podem ser observadas.
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O exame histopatológico mostrou fibrose e calcificação do peritônio parietal, sendo então confirmado o diagnóstico final de peritonite esclerosante encapsulante com extensa calcificações.
A peritonite esclerosante encapsulante é uma complicação rara da diálise peritoneal, envolve fibrose peritoneal. Em estágios tardios, as alças intestinais podem ficar encapsuladas, levando à obstrução intestinal.
O cateter peritoneal do paciente foi removido e a paciente transferida para o programa de hemodiálise.
### PONTOS IMPORTANTES
- A peritonite esclerosante encapsulante é uma condição clínica rara em diálise peritoneal, porém a evolução é dramática.
- Principais fatores de risco: Episódios prévios de peritonite bacteriana severa, duração em DP (>5 anos) e uso de soluções de com elevada concentração de glicose.
- Devemos ter elevada suspeita clínica diante de queixas abdominais, TC de abdome com calcificações peritoneais sugere o diagnóstico.
- A mortalidade é elevada e está associada com os quadros de obstrução intestinal recorrentes.
- Na maioria dos casos é orientado retirada do cateter peritoneal e transferência para o programa de hemodiálise.