A hipertensão resistente continua sendo um dos maiores desafios clínicos na prevenção de desfechos cardiovasculares. Um estudo de fase 3 publicado no NEJM (BaxHTN trial) avaliou a eficácia e a segurança do inibidor seletivo da aldosterona sintase baxdrostat em pacientes com hipertensão não controlada ou resistente sob tratamento otimizado.
📚 Referência: Flack JM, Azizi M, Brown JM, et al. N Engl J Med. 2025 \[**[link](https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2507109)**]
###### **Achados Relevantes do Estudo**
**Desenho do estudo:**
* Multinacional, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo
* Incluiu 796 pacientes com PA sistólica entre 140 e \<170 mmHg, usando ≥2 anti-hipertensivos (≥3 para hipertensão resistente)
* Intervenção: baxdrostat 1 mg ou 2 mg vs. placebo, 1x/dia, por 12 semanas
* Desfecho primário: Redução na PA sistólica sentada ao final de 12 semanas
**Resultados principais:**
* Redução média de –14,5 mmHg (1 mg) e –15,7 mmHg (2 mg) vs. –5,8 mmHg com placebo
* Diferença placebo-ajustada: –8,7 mmHg (dose 1 mg) e –9,8 mmHg (dose 2 mg) (P\<0,001 para ambos)
* 40% dos pacientes alcançaram PA \<130 mmHg (vs. 18,7% no placebo)
* Efeito sustentado na fase de retirada randomizada (diferença –5,1 mmHg, P=0.002)

Variação da Pressão Arterial em Pacientes com Hipertensão Não Controlada ou Resistente
**Efeitos laboratoriais:**
* Aumento transitório da atividade de renina plasmática e queda nos níveis de aldosterona
* Pequena queda média no eGFR (–7 mL/min/1,73m²), reversível após retirada
* Alterações em potássio e sódio concentradas nas primeiras semanas. Hipercalemia importante ocorreu em >5% do grupo baxdrostat.
**Implicações Clínicas**
* Mecanismo inovador: Baxdrostat atua na etapa final da síntese de aldosterona, bloqueando sua produção sem estimular elevação compensatória de renina/aldosterona.
* Potencial impacto: Pode ser alternativa para pacientes que não toleram antagonistas do receptor mineralocorticoide (espironolactona/eplerenona) ou permanecem descontrolados mesmo com eles.
* Segurança: Hiperpotassemia >6 mmol/L ocorreu em 2,3% (1 mg) e 3,0% (2 mg); poucos casos necessitaram intervenção. Hiponatremia e discreta redução da função renal exigem monitorização laboratorial.
**Prática clínica:** O uso pode ampliar o arsenal terapêutico para hipertensão resistente, especialmente em cenários onde a MRA não é viável ou suficiente.
**Comparação com Diretrizes**
* Diretrizes atuais (ESC/ESH 2023) indicam espironolactona como 4ª linha para hipertensão resistente.
* Baxdrostat pode se tornar alternativa ou complemento, oferecendo bloqueio mais direto da produção de aldosterona, com potencial menor de efeitos colaterais androgênicos ou ginecomastia.
* O benefício clínico (↓ 8-10 mmHg PAS) é comparável ao obtido com espironolactona no estudo PATHWAY-2.
**Conclusão**
✅ Baxdrostat reduziu de forma clinicamente significativa a pressão arterial em pacientes com hipertensão não controlada e resistente, com perfil de segurança aceitável.
⚠️ Monitorização de potássio e função renal é essencial, principalmente nas primeiras semanas.
📌 Estudos adicionais (como Bax24) vão esclarecer impacto em PA ambulatorial e desfechos clínicos duros.
💬 Para você: Este estudo reforça o papel central da aldosterona na hipertensão de difícil controle. Que tal revisar seus pacientes com PA resistente e discutir, em equipe, quando seria apropriado considerar estratégias que bloqueiem a produção de aldosterona de forma mais específica?