Caso clínico muito ilustrativo publicado no NEJM ([https://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMicm2109090?download=true](https://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMicm2109090?download=true))
Uma paciente transplantada renal de 49 anos deu entrada no pronto-socorro com história de cefaleia, tontura e erupção cutânea pruriginosa. Ela tinha sido submetido a transplante renal há 4 meses, DRC secundária a GESF. Estava em uso de prednisona, micofenolato mofetil e tacrolimus.
Ao exame físico apresentava pápulas crostosas difusas, umbilicadas e rosadas no rosto, tronco, braços e pernas (Painel A). Devido quadro de cefaleia e lesões cutâneas típicas foi submetida a punção lombar, sendo identificado uma pressão de abertura de 22 cm H2O (faixa de referência, 6 a 25). A coloração com tinta da China do líquido cefalorraquidiano (LCR) mostrou levedura encapsulada. Realizado pesquisa de antígenos para criptococos, sendo identificado títulos elevados.
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Foi isolado Cryptococcus neoformans na cultura de o LCR. Uma amostra de biópsia da pele obtida do paciente o braço esquerdo mostrou numerosos organismos semelhantes a leveduras rodeados por cápsulas mucinosas (Painel B).
**Diagnóstico final:** Criptococose disseminada.
**Comentários**: Em pacientes imunocomprometidos, lesões cutâneas umbilicadas podem representar infecção por criptococo. Foi iniciado tratamento com anfotericina B lipossomal e flucitosina; os sintomas cutâneos e do sistema nervoso central foram resolvidos. Esses casos sempre nos trazem um aprendizado importante; lesões de pele sem um diagnóstico claro em pacientes transplantados renais devem ser rapidamente procedidas com biópsia de pele. O diagnóstico precoce é importantíssimo para uma melhor evolução clínica de condições sistêmicas. Fica a sugestão desta revisão de Criptococose cutânea ([https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK448148/](https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK448148/)).
As infecções por Cryptococcus podem apresentar uma variedade de lesões cutâneas, sendo estas frequentemente um sinal de doença disseminada, especialmente em pacientes imunocomprometidos. Em pacientes com HIV ou transplantados, as lesões podem imitar abscessos bacterianos, celulite ou panniculite, e frequentemente há envolvimento simultâneo do pulmão e sistema nervoso central. Em transplantados de órgãos sólidos, a criptococose cutânea é mais comum e pode se manifestar com lesões que variam de nódulos a úlceras. Em 70% dos casos com lesões de pele, há disseminação sistêmica, com 90% de envolvimento do SNC.