##### **Caso clínico ** 
 Maria, 34 anos, apresenta síndrome nefrótica com proteinúria de 8 g/dia, albumina em 2,5 g/dL e pressão arterial de 150x95 mm Hg. Após 16 semanas de prednisona 1 mg/kg/d (máx. 80 mg/d) sem resposta… É então classificada como GESF esteroide-resistente (corticoresistente). A biópsia renal confirma GESF primária (apagamento difuso de processos podocitários). Sem resposta a ciclosporina 4 mg/kg/d por 6 meses. Pergunta: quais são os próximos passos na investigação e no tratamento?? 
 Investigação genética em adultos segundo KDIGO 
 ##### **1-Para quem se recomenda genética?** 
 KDIGO 2021 sugere avaliação genética em adultos com: 
 * GESF cortico-resistente ou dependente 
 * História familiar sugestiva 
 * Manifestações sindrômicas ou nefropatia atípica 
 * Em avaliação pré-transplante para avaliar risco de recorrência  
 ##### **2-Quais genes investigar?** 
 * Painéis amplos incluem > 60 genes relacionados, como APOL1, NPHS1/2, INF2, COL4A3 5, WT1, LAMB2, e genes mitocondriais . Geralmente, pedimos o exoma completo.  
 ##### **3-Qual o benefício prático e clínico da investigação genética?** 
 * Confirma forma genética, evitando imunossupressão desnecessária… 
 * Identifica manifestações extra-renais (ex. ocular, neurológica) 
 * Informa aconselhamento genético e doação familiar 
 * Prediz menor risco de recorrência pós-transplante em causas monogênicas  
 ##### **Tratamento recomendado para GESF cortico-resistente** 
 ###### **1-Imunossupressão inicial:** 
 * Prednisona de 1 mg/kg/d (máx. 80 mg) por mínimo de 16 semanas antes de definir como resistente! Não é quando o paciente não tolera… é quando após este período ele não responde (resposta parcial ou completa) 
 ###### **2-Terapia de segunda linha:** 
 * Após resistência aos corticosteroides, inibidores de calcineurina (CNI) são recomendados por pelo menos 6 meses (ciclosporina ou tacrolimo)  
 * Lembrar do uso de doses máximas toleradas de iECA/BRA com controle pressórico (<120/70 mm Hg)  
 ###### **3-Se sem resposta ou intolerância ao CNI:** 
 * Encaminhar para centro especializado 
 * Considerar: Micofenolato mofetil ou rituximabe. Evidência limitada para ACTH ou alquilantes (ciclofosfamida) 
 ###### **4-Tratamento conservador complementar:** 
 * Controle de pressão arterial (<130/80 mm Hg), manejo de dislipidemia e edemas, individualizar o uso dos iSGLT2 (ainda não é padrão GESF). 
 * Nova biopsia se houver piora funcional rápida para avaliar diagnóstico alternativo não evidenciado na primeira biópsia 
 ##### **🧭 Em resumo** 
 Etapa	Ações KDIGO (adulto) 
 1.	Corticoterapia por ≥ 16 semanas 
 2.	Se sem resposta → CNI por ≥ 6 meses + suporte RAAS 
 3.	Sem resposta/intolerância → encaminhar, considerar MMF/Rituximabe 
 4.	Em casos de GESF resistente persistente → avaliação genética obrigatória! 
 5.	Se for positiva → evita mais imunossupressão, avalie familiares e planeje transplante 
 ##### **Conclusão do NefroAtual** 
 Nos adultos com GESF cortico resistente, o KDIGO reforça uso de CNI como segunda linha e destaca o papel fundamental da investigação genética antes de avançar com terapias mais agressivas e no planejamento do transplante. 
 E Você? Já solicita de rotina painéis genéticos em seus pacientes adultos com GESF? E como essa prática impactou seu manejo clínico? 
 ##### 📚 **Referências** 
 1. KDIGO 2021 Guideline for the Management of Glomerular Diseases. Kidney Int. 2021;100(4S):S1 S276  
 2. How I Treat FSGS (CJASN ePress, 2022)  
 3. Indications for genetic testing in adults with FSGS (Nefrologia 2025