A nefropatia lúpica classe I/II costuma ser considerada “leve”, mas pode evoluir com transformação histológica e perda renal. Ainda há controvérsia se o tratamento inicial deve incluir apenas corticoides ou a combinação com imunossupressores.
📚 **Referência**: Jia X, Clin Kidney J. 2025 \[**[link](https://academic.oup.com/ckj/article/18/7/sfaf171/8191263)**] 🔗
**Achados Relevantes**
* População: 107 pacientes com LN classe I/II (1996–2023).
* Intervenção: GC em monoterapia × GC + imunossupressor (MMF, ciclofosfamida, tacrolimus, azatioprina etc.) como terapia de indução.
* Seguimento: mediana de 156 meses (\~13 anos).
**Resultados:**
* Remissão completa ou parcial em 100% dos pacientes.
* Taxa de remissão completa semelhante entre grupos (82% vs. 81%).
* Monoterapia com GC → maior risco de recidiva renal (HR 2,71; IC95% 1,28–5,75; p=0,009).
* Pacientes com apenas remissão parcial também tiveram risco aumentado de recidiva (HR 4,17).
* Todos os casos de ESRD ocorreram no grupo GC isolado.
* Sobrevida renal em 20 anos: 90,4% (GC isolado) vs. 100% (GC + imunossupressor).
* Sensibilidade: análises por propensity score confirmaram pior desfecho no grupo GC isolado.

**Implicações Clínicas**
✅ A monoterapia com GC, embora eficaz em induzir remissão inicial, associa-se a maior risco de recidiva e pior sobrevida renal em longo prazo.
✅ Combinações com imunossupressores parecem oferecer proteção adicional e resultados mais estáveis.
❌ O estudo é retrospectivo, unicêntrico e limitado a população chinesa, o que restringe a generalização.
**Conclusão**
O trabalho desafia a visão de que LN classe I/II é sempre “benigna”. A monoterapia com GC pode ser insuficiente como indução inicial, e a associação com imunossupressores tende a proporcionar maior segurança renal a longo prazo.
📌💡 Para o nefrologista: mesmo em casos “leves”, repensar a estratégia pode ser crucial para evitar recidivas e proteger função renal ao longo das décadas.