### PONTOS CHAVE 
 - Na última década ficou evidente que pacientes com GESF portadores do genótipo de risco APOL1 evoluem com DRC mais grave. 
 - Até o momento, não existe um tratamento específico e acabamos utilizando IECA/BRA e imunossupressores, mas os resultados das diversas séries de casos não são animadores. 
 - Esse foi um estudo fase 2, que mostrou eficácia e boa tolerância, mas já foi possível observar uma redução média da proteinúria ≥ 40% em 16 pacientes com GESF e genótipo de alto risco. 
 - Esse é um resultado animador, aguardamos resultados dos estudos fase 3, que inclusive contará com participação brasileira. 
 ## RESUMO DO ARTIGO 
 **Artigo**: Inaxaplin for Proteinuric Kidney Disease in Persons with Two APOL1 Variants ([link](https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2202396?query=featured_home)) 
 **Revista**: The New England Journal of Medicine, publicado em 15 de Março de 2023 
 Pessoas com as variantes genéticas de riscos G1/G2 no gene APOL1 (genótipo de risco) possuem UM maior risco de doença renal proteinúrica e de evolução para diálise. A explicação é que ocorre um ganho de função tóxica na proteína APOL1, deixando o podócito mais susceptível a lesão, e consequente disfunção renal em diversos cenários clínicos. 
 Pacientes com GESF que possuem DUAS variantes de risco (G1+G1 ou G1+G2 ou G2+G2) atualmente são tratados com inibidores do eixo renina-angiotensina-aldosterona, corticoesteróides e outros imunossupressores, porém com eficácia limitada. 
 A inibição do canal APOL1 pode potencialmente atenuar o dano podocitário, reduzir proteinúria e reduzir perda de função renal, sendo um essa uma via interessante para ser bloqueada. 
 Desta forma, foi realizado o estudo VX19-147-101, um estudo fase 2 que reportou pela primeira vez o INAXAPLIN e seu efeito de redução de proteinúria em pacientes com GESF portadores de um genótipo APOL1 de alto risco. 
 Na fase pré-clínica do estudo foi demonstrado que camundongos geneticamente modificados para genótipo de risco APOL1 tratados com o INAXAPLIN apresentaram menos proteinúria quandocomparado a camundongos sem genótipo de risco quando tratados com interferon-gama (medicamento que induz proteinúria em pacientes com genótipo de risco). 
 Na fase clínica foirealizado um estudo fase 2 em centros dos EUA, França e Inglaterra, 16 pacientes com GESF (comprovado por biópsia) e genótipo de alto risco para APOL1 (G1+G1 ou G1+G2 ou G2+G2) e proteinúria. 
 Parte A: Pacientes receberam o INAXAPLIN 15mg via oral 1 vez ao dia por 13 semanas, seguido de aumento de dose para 45mg 1 vez ao dia por 11 semanas. Após isso, iniciaram a parte B para avaliar percentual de mudança da proteinúria após 12 semanas. 
 Foram avaliados 16 pacientes com idade média de 38,8 anos, TFGe 51,2 ml/min/1,73m² e relação proteína-creatinina 2,08 g/g. 
 Foi observado uma redução da proteinúria de 47,6% (-60 a -31,3%, IC 95%) com 13 semanas de tratamento. Em apenas um paciente não foi observado redução da proteinúria. Foram observados eventos adversos leve-moderados em 15 pacientes (94%), nenhum paciente descontinuou o tratamento por conta de evento adverso. 
 ## OPINIÃO NEFROATUAL 
 Estudo muito relevante para nefrologia mundial, pacientes com GESF e genótipo APOL1 de alto risco possuem prognóstico renal reservado, com rápida evolução para diálise. Foi demonstrado eficácia de redução de proteinúria com o INAXAPLIN, um medicamento que age justamente bloqueando a ação tóxica do canal APOL1. 
 Sabemos que é um estudo fase 2, porém uma redução de proteinúria em mais de 40% é clinicamente muito significativo, desta forma, este medicamento poderá modificar completamente o modo como tratamos pacientes com GESF. Estudos fase 2 e 3 placebo controlado já estão em andamento.