Caso que devemos estar atentos ao diagnóstico e conduta publicado no NEJM ([link](https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMicm1710400))
Uma paciente de 73 anos deu entrada no pronto-socorro com histórico de febre e letargia há 10 dias. Seu histórico médico incluía diabetes tipo 2, infecções recorrentes do trato urinário (ITU) e perda ponderal de aproximadamente 13,5 kg durante o ano anterior.
A avaliação laboratorial revelou leucocitose (leucócitos 14.290/mm³) e creatinina sérica de 1,3 mg/dL. O exame do sedimento urinário revelou a presença de 50 a 100 leucócitos por campo, mas a cultura foi negativa
para bactérias.
A tomografia computadorizada de abdome revelou um rim direito aumentado, com a presença de um cálculo coraliforme na junção ureteropélvica, atrofia cortical e dilatação do cálice, uma aparência referida como o "sinal da pata de urso."
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Foi iniciado tratamento com antibióticos intravenosos e realizada uma nefrostomia percutânea. A cultura da drenagem identificou o crescimento de Proteus mirabilis. Após avaliação com cintilografia, foi identificada a ausência de função renal no rim direito, levando à realização de uma nefrectomia.
Foi feito o diagnóstico de pielonefrite xantogranulomatosa.
A pielonefrite xantogranulomatosa, uma forma de pielonefrite crônica, está tipicamente associada à obstrução por cálculos e infecções recorrentes do trato urinário. As complicações podem incluir abscessos e fístulas. A perda da função renal é comum, e a nefrectomia é o tratamento definitivo. O paciente recebeu alta 5 dias após a cirurgia e apresentava-se bem, com função renal estável, após 1 mês de acompanhamento.
Dica Nefroatual: No nosso meio, na ausência de quadros de nefrolitíase e cálculos coraliformes, devemos estar atentos à possibilidade de tuberculose urinária como causa de obstrução de ureter e ITU de repetição, que
pode evoluir para pielonefrite xantogranulomatosa.