Por que isso importa? Esperar proteinúria “muito alta” ou queda acentuada da TFG para agir perde a janela de oportunidade. A KDIGO 2025 enfatiza que proteinúria ≥ 0,5 g/d já define risco de progressão e justifica considerar tratamento adicional — inclusive com biópsia precoce para confirmar o diagnóstico e habilitar terapias específicas.
###### **Pilares práticos (para aplicar já)**
• Diagnóstico não tardio: em adultos com suspeita de NIgA e proteinúria ≥ 0,5 g/d, a biópsia deve ser considerada — é essencial para confirmar NIgA e acessar terapias aprovadas (ou as disponíveis).
• Quem deve tratar: pacientes com proteinúria ≥ 0,5 g/d (em uso ou não de tratamento) estão em risco e devem ter tratamento considerado.
• Metas precoces: perda de TFG \< 1 ml/min/ano e proteinúria \< 0,5 g/d (ideal \< 0,3 g/d) — desde cedo, não só nos casos avançados.
• Risco não é só “> 1 g/d”: mesmo proteinúrias moderadas já se associam a progressão; reduzir cedo melhora prognóstico.
###### **Estratégia de tratamento por drivers**
• Reduzir a formação de IgA patogênica/imunocomplexos de IgA: o Nefecon (budesonida de liberação direcionada, 9 meses) mira a origem da doença. Ainda não disponível no Brasil; quando disponível, será terapia adjuvante e não substituta de antiproteinúricos.
• Atenuar inflamação/fibrose glomerular: Glicocorticoide sistêmico em esquema reduzido quando Nefecon não estiver disponível, com profilaxias adequadas. Acessa esse **[link ](https://www.nefroatual.com.br/nefroupdates/posts/nefropatia-por-iga-no-brasil-como-tratar-quando-novos-medicamentos-ainda-no-esto-disponveis)**para saber quando e como prescrever.
• Tratar consequências do “nephron loss”: o iSRA (± bloqueio dual – endotelina-BRA) como o sparsentan, que também não está disponível no Brasil) e considerar iSGLT2; combinar estratégias em vez de substituir. **Nota sobre iSGLT2: recomendados (2B), mas não devem substituir terapias modificadoras da doença; incerteza maior em TFG > 60 ml/min sem comorbidades.**
• Medidas gerais: PA ≤ 120/70 mmHg, restrição de sódio (\< 2 g/d), cessar tabagismo/vape, manter peso saudável e atividade física — desde o início.
###### **Mensagem central**
• Proteinúria ≥ 0,5 g/d já é sinal de risco: é hora de intervir, não de esperar.
• Defina metas precoces e combinadas: quanto antes a proteinúria cair \< 0,5 g/d (ideal \< 0,3 g/d), melhor a trajetória da TFG.
• iSGLT2 soma, não substitui: faça plano integrado desde fases iniciais.
###### **Conclusão**
**Mudança prática:** trate a NIgA antes de dano avançado. Biópsia e plano terapêutico combinado já com proteinúria ≥ 0,5 g/d, mirando \< 0,5 g/d e queda de TFG \< 1 ml/min/ano.
**Erro a evitar: **tratar tardiamente ou usar SGLT2i como “monoterapia modificadora de doença”. Tempo — cedo — é parte do tratamento.