**Baseado nos estudos CONFIDENCE (NEJM 2025), FIDELIO-DKD, FIGARO-DKD e KDIGO 2024 para DRC**
##### **Caso clínico:**
Dona Maria, 67 anos, diabética tipo 2 há mais de 15 anos, vem ao ambulatório com queixas inespecíficas. Você revisa os exames: TFGe de 43 mL/min/1,73m², albuminúria RAC 950 mg/g, HbA1c 7,4%. Está em uso de losartana 100 mg/dia e empagliflozina 25 mg/dia, bem tolerados.
Na consulta anterior, você já havia otimizado as medicações, ajustado a dieta e controlado a PA. Agora, a pergunta prática surge:
##### **Existe algo mais que eu possa fazer para retardar a perda da função renal e reduzir risco cardiovascular nessa paciente com DRC diabética já com BRA e iSGLT2?**
**Sim**! A finerenona pode ser a peça que falta nesse quebra-cabeça. Vamos entender o porquê — e como usar com segurança.
###### **O que dizem os estudos?**
**FIDELIO-DKD (NEJM 2020):**
Redução de 18% na progressão da DRC em pacientes com TFGe entre 25–75 e ACR ≥300 mg/g.
**1-FIGARO-DKD (NEJM 2021): **População mais precoce (TFGe até >60), com foco em desfechos cardiovasculares. Redução de 13% em eventos CV.
**2-FIDELITY (JACC 2021):** Metanálise conjunta de FIGARO e FIDELIO:
* Redução de 23% em desfechos renais
* Redução de 14% em eventos cardiovasculares
**3-CONFIDENCE (NEJM 2025): **Mostrou que associar finerenona + empagliflozina promoveu maior redução da albuminúria do que os dois isoladamente — e sem aumento significativo de hipercalemia.
###### **Mas quando indicar com segurança?**
###### Segundo o KDIGO 2024, deve-se considerar finerenona em pacientes com:
* DM2 + DRC
* Em uso de BRA ou IECA na dose máxima tolerad
* RAC ≥30 mg/g
* TFGe ≥25 mL/min/1,73m²
* K⁺ ≤5,0 mEq/L no início (para ser mais criterioso, \< 4.8 mEq/L)
###### **Como prescrever?**

Após 4 semanas, se K⁺ \< 5,0, pode-se aumentar a dose (até 20 mg/dia)
###### **Como monitorar?**
📌 Exames obrigatórios: creatinina e potássio sérico

Se K⁺ ≥ 5,5 mEq/L: suspender temporariamente.
Se K⁺ entre 5,0–5,4: manter dose, reavaliar em 1–2 semanas.
###### **O que esperar nos exames?**

Hipercalemia grave (>6,0) é rara (\<2%), principalmente quando bem monitorado!
##### **Dica prática do NefroAtual:**
Finerenona é não esteroidal e mais seletiva do que espironolactona. Atua sem causar ginecomastia e tem menos efeito natriurético. Sua ação anti-inflamatória e anti-fibrótica torna-a uma aliada poderosa na proteção renal e cardiovascular! Não entendemos ainda todos os mecanismos mas esses parecem ser os principais.
###### **Resumo do caso:**
Dona Maria tem todos os critérios:
1. DM2
2. TFGe 43
3. RAC 950 mg/g
4. K⁺ 4,6 mEq/L
5. Já está com BRA + iSGLT2
6. Iniciado finerenona 10 mg/dia
7. Reavaliado Cr e K⁺ em 4 semanas
###### **Mensagem final do NefroAtual:**
A finerenona representa a terceira linha de defesa para o rim diabético, depois do BRA e do iSGLT2. Mas como toda arma poderosa, exige monitoramento sério e uso criterioso. Em pacientes bem selecionados, os beneficios nos desfechos renais e cardiovasculares são indiscutível e agora, potencializado pela associação com inibidores de SGLT2 após o CONFIDENCE.
##### **E você, já está usando Finerenona no consultório? Costuma ajustar a dose com base na TFGe e no K⁺ ou ainda sente insegurança? Conta pra gente!**
Referências:
1. Bakris GL et al. FIDELIO-DKD. NEJM 2020.
2. Pitt B et al. FIGARO-DKD. NEJM 2021.
3. Filippatos G et al. FIDELITY. JACC 2021.
4. Agarwal R et al. CONFIDENCE. NEJM 2025.
5. KDIGO 2024 Clinical Practice Guideline for Diabetes in CKD.