Sociedade Brasileira de Nefrologia publica novo guia prático sobre assistência nefrológica hospitalar: o que você precisa saber na sua rotina! 
 Referência: Younes-Ibrahim M, Rocha E, Reis T et al. Guia de Assistência Nefrológica Intra-Hospitalar. Braz J Nephrol. 2025 [[link](https://www.bjnephrology.org/en/article/guidelines-for-hospital-nephrology-assistance-from-the-braziliansociety-of-nephrology-bsn/)] 
 Você já se perguntou como estruturar a atuação da nefrologia no hospital com base nas melhores evidências e práticas recomendadas pela SBN? 
 Vamos direto ao ponto com um resumo prático, organizado e focado no que mais importa para seu dia a dia como nefrologista hospitalar. 
 1-Qual é o papel do nefrologista no hospital? 
 * Coordenação da linha de cuidado renal. 
 * Avaliação de risco e prevenção de injúria renal aguda (IRA). 
 * Indicação, prescrição e supervisão das terapias dialíticas (hemodiálise, diálise peritoneal e terapias contínuas). 
 * Educação dos demais profissionais e integração com equipes multidisciplinares. 
 * Participação em comissões de qualidade e segurança hospitalar. 
 Dica prática: A SBN defende que o nefrologista esteja presente presencialmente na condução de TRS. Telemedicina serve apenas como apoio à equipe médica, não para prescrição direta. 
 2-Suporte não dialítico: o que fazer no manejo clínico da IRA? 
 * Hemodinâmica: manter PAM >65 mmHg, usar vasopressores quando necessário (noradrenalina + vasopressina se refratário). 
 * Controle volêmico rigoroso com foco na diurese e sem sobrecarga hídrica. 
 * Furosemida: pode ser usada isoladamente ou como "teste de stress" (sem resposta = maior risco de necessidade de diálise). 
 * Nutrição: 0,8–1,0 g/kg (sem diálise); até 1,7 g/kg/dia (TRS contínua). 
 * Hipercalemia e acidose metabólica: iniciar medidas imediatas e considerar diálise precoce se refratárias. 
 * Importante: Não atrasar a indicação de TRS se o paciente não responde à terapia conservadora! 
 3-Quais são as recomendações para a diálise hospitalar? 
 3.1-Modalidades: 
 * Hemodiálise convencional: maior instabilidade hemodinâmica. 
 * Hemodiálise prolongada: perfil intermediário. 
 * TRS contínua: ideal para pacientes graves e instáveis. 
 * Diálise peritoneal: alternativa viável em certos contextos (pediatria, ausência de acesso vascular, contraindicação à anticoagulação). 
 3.2-Infraestrutura mínima: ponto de água, rede elétrica adaptada, controle de infecções e qualidade da água conforme RDC da ANVISA. 
 3.3-Equipe multiprofissional qualificada: nefrologista RT, enfermagem especializada, farmacêutico, técnico de equipamentos, cirurgião vascular e hospitalistas. 
 4-Cuidados com acesso vascular 
 * Preferência: veia jugular direita > femoral > jugular esquerda. 
 * Ultrassonografia para punção é obrigatória! 
 * Cateteres de maior calibre (14F) na TRS contínua. 
 * Cateteres de longa permanência devem ser indicados em casos de necessidade prolongada. 
 5-Monitoramento e complicações 
 * Hemodinâmica: usar ecocardiograma, bioimpedância ou USG beira-leito. 
 * Complicações frequentes: hipotensão, distúrbios eletrolíticos, coagulação do sistema, sangramentos, infecções. 
 * Anticoagulação com citrato: atenção à intoxicação e hipocalcemia. 
 * Nutrição e antibióticos: considerar perdas em TRS contínua. 
 6-Indicadores de qualidade e segurança 
 A SBN recomenda: 
 * Medir tempo entre indicação e início da TRS. 
 * Avaliar consumo de insumos e taxa de complicações. 
 * Monitorar mortalidade, tempo de UTI e função renal pós-alta. 
 Controle rigoroso da qualidade da água e prevenção de infecção são obrigatórios!! 
 7-Seguimento ambulatorial pós-IRA 
 * Avaliação de creatinina e albuminúria até 3 meses após a alta! Não esquece disso! 
 * IRA persistente ou evolução para DRC = acompanhamento com nefrologista. 
 * DRA (doença renal aguda): disfunção entre 7 e 90 dias após IRA. 
 Mensagem final do NefroAtual 
 O novo guia da Sociedade Brasileira de Nefrologia é um marco para a valorização da atuação do nefrologista no ambiente hospitalar. Ele não apenas atualiza nossas condutas, mas reconhece a nefrologia como protagonista de uma linha de cuidado de forma contínua, integrada e baseada em evidencias. 
 Este documento fortalece o papel do nefrologista como: 
 * Líder da equipe de cuidado renal, participando da definição de protocolos e estratégias hospitalares; 
 * Educador clínico, disseminando boas práticas entre colegas não especialistas; 
 * Profissional essencial em decisões complexas, como a escolha da modalidade de TRS, indicação de cuidados paliativos e seguimento pós-IRA; 
 * Provedor de cuidado completo, que vai além da diálise e atua em nutrição, volemia, distúrbios eletrolíticos, suporte hemodinâmico e de infecção. 
 Além disso, esse guia fornece fundamentação técnica e institucional para: 
 * Estabelecer equipes estruturadas de nefrologia hospitalar; 
 * Garantir qualidade e segurança na assistência, com indicadores e protocolos; 
 * Reivindicar espaço nos comitês hospitalares de decisão e segurança do paciente. 
 Em um momento em que a medicina hospitalar está cada vez mais protocolar e orientada por guidelines e grandes corporações, este documento é uma ferramenta de fortalecimento da presença do nefrologista no hospital, respaldando sua atuação clínica, técnica e institucional. 
 🔍 E você, já atua com esse modelo de assistência no seu hospital?