Com o uso crescente de imunoterapias na oncologia, cresce também a preocupação com seus efeitos em pacientes transplantados. Em receptores de rim, o uso de inibidores de checkpoint imune (ICIs) representa um dilema clínico entre controle tumoral e risco de rejeição aguda.
##### 📚 Referência: Magagnoli J, et al. Am J Hematol. 2025. [[link](https://doi.org/10.1053/j.ajkd.2025.04.003)] 🔗
🔬 Estudos recentes indicam que o uso de ICIs, especialmente anti-PD-1/PD-L1, em receptores de transplante renal pode desencadear rejeição aguda e perda do enxerto. Dados de coortes demonstram taxas de rejeição entre 10% e 65%, com perda de enxerto em até 81% dos casos e mediana de início dos eventos em torno de 21 dias após o início da imunoterapia.
##### 📌 Destaques clínicos:
* ICIs ativam linfócitos T específicos contra o enxerto, aumentando o risco de rejeição celular ou mista (celular + humoral).
* A rejeição ocorre tanto em pacientes tratados por câncer quanto em situações sem outras opções terapêuticas.
* O risco é maior com anti-PD-1/PD-L1 do que com anti-CTLA-4.
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✅ Estratégias que podem mitigar o risco de rejeição:
* Manter imunossupressão de base (em dose ajustada) durante a introdução dos ICIs.
* Considerar uso de mini-pulso de corticoide no início da imunoterapia.
* Substituir inibidores de calcineurina (iCNs) por inibidores de mTOR antes do início dos ICIs, estratégia que demonstrou melhorar sobrevida do enxerto e do paciente.
* Avaliar esquema de imunossupressão combinando mTORi com corticoide ou, em alguns casos, mTORi + iCN.
* Monitorar de perto sinais precoces de rejeição com acompanhamento clínico e laboratorial intensivo nas primeiras semanas.
##### 📖 Em conclusão
Os ICIs podem ser utilizados em pacientes transplantados renais após análise cuidadosa da relação risco-benefício Em cenários oncológicos sem alternativa terapêutica equivalente, estratégias de modulação imunológica podem minimizar o risco de rejeição e permitir acesso ao tratamento.
##### ✔️ Resumo prático:
* O uso de ICIs em transplantados renais está associado a risco significativo de rejeição e perda do enxerto.
* Medidas como troca de imunossupressores, corticoides e vigilância intensiva podem reduzir esse risco.
* A decisão deve ser compartilhada e baseada em avaliação integrada do prognóstico oncológico e imunológico.